Na minha viagem ao Peru, eu estava procurando uma trilha que me levasse às profundezas dos Andes, onde picos cobertos de neve guardam lagos escondidos alimentados por geleiras. Essa busca me levou à trilha dos 7 Lagos no monte Ausangate, uma trilha que revela lagoas coloridas em tons de turquesa, esmeralda e cobalto, todas com a dramática geleira Ausangate ao fundo. A paisagem parece intocada e selvagem, com lhamas e alpacas pastando livremente e vales que se estendem infinitamente sob o céu de alta altitude.
Eu precisava aproveitar o pouco tempo que tinha para viajar por esse belo país, então encontrei trilhas de vários dias na mesma região, mas fiquei totalmente convencido quando soube que essa viagem incluía fontes termais no final. Quer dizer, a essa altura eu já estava convencido, mas que pacote incrível para uma viagem de um único dia.
Depois da minha ótima experiência na Trilha Inca Curta, decidi reservar essa viagem com a 69 Explorer novamente. Eles são muito profissionais e seus itinerários, nível de serviço e guias experientes se encaixam perfeitamente nas minhas preferências de viagem. Desta vez, Jorge foi mais uma vez nosso guia e tivemos um novo motorista, Sadam.
De Cusco a Pacchanta
Eles nos buscaram em nossos hotéis por volta das 5h30 da manhã e então viajamos para o sul. Ao longo do vale sul, vimos o nascer do sol. Foi um momento mágico que deu o tom para a aventura que estava por vir. Após cerca de duas horas e meia, chegamos a Pacchanta, uma pequena cidade bem no início da trilha.
Ao chegar em Pacchanta, tomamos um café da manhã energizante e farto. Serviram-nos uma tigela de frutas, pão fresco, café e ovos mexidos. Assim que terminamos nossa refeição, Jorge nos informou sobre a caminhada que teríamos pela frente e nos preparamos para começar a aventura. Ele também explicou sobre o ecossistema da região, que é a Puna Andina. Uma pastagem de alta altitude encontrada acima de 3.500 m (11.483 pés), caracterizada por temperaturas frias, forte radiação solar e vegetação resistente, como a grama ichu. Ela abriga uma fauna única, como vicunhas, condores e raposas andinas.
Caminhada pelos 7 lagos
Primeiro segmento (Cidade de Pachanta)
O início da trilha fica a 4.307 m (14.131 pés), então a altitude foi um desafio desde o primeiro passo. Felizmente para nós, os primeiros 3 km eram praticamente planos e levamos cerca de 1,5 horas para percorrê-los. Esse primeiro trecho nos permitiu nos acostumar com a altitude e nos levou até um belo riacho. Essa área tinha muitas cabanas feitas de pedras. Foi revelador aprender sobre o estilo de vida das pessoas nessa região, que passam a maior parte do tempo cultivando a terra ou cuidando de seus animais.

Segundo segmento, a parte mais difícil do dia
Os próximos 2,5 km começaram com uma subida íngreme, que nos deixou exaustos. Após essa primeira subida desafiadora, a trilha ficou mais fácil, com colinas sucessivas. Levamos cerca de 1 hora e meia para chegar ao nosso primeiro lago do dia: Pucacocha. Seu nome significa “lago vermelho” em quíchua. Sua tonalidade avermelhada é causada por solos ricos em minerais.
Terceiro segmento, caminhada ao redor dos lagos do topo
A partir deste ponto, o resto da caminhada não é tão exigente. Continuamos o circuito visitando Oqecocha (Lago Cinza), Qomercocha (Lago Verde) e Alqacocha (Lago Turquesa). Ao longo deste trecho da trilha, tiramos muitas fotos das paisagens deslumbrantes.

Toda a área é um vale profundo cercado pelos picos Apus Ausangate e Hatun Punta, além de outros picos nevados que fazem parte da Cordilheira Vilcanota.
Quarto segmento, hora de descer
Depois de caminhar cerca de 2 km nessa área, começamos a descer em direção ao sudoeste. A próxima parte da nossa caminhada tinha três paradas impressionantes nos esperando. A primeira foi o otorongo feminino ou China Otorongo, um pequeno lago com águas cristalinas. Em seguida, o Otorongo Masculino ou Orco Otorongo, um pouco maior que o anterior. Ambos os corpos d’água são considerados sagrados e são usados pelos habitantes locais para banhos cerimoniais, suas águas profundas inspiram respeito e admiração.
Para encerrar a visita, tivemos o Azulcocha (Lago Azul), um lago impressionante localizado na base do Apu Ausangate, perfeito para tirar fotos e capturar o momento. Nosso guia nos disse que, deste local, às vezes é fácil observar avalanches descendo das geleiras. Avistamos alguns vizcachas, um roedor andino que parece uma mistura de esquilo com coelho.
Os últimos 5 km do dia levaram cerca de 1,5 hora, em sua maioria em descida, o que tornou o retorno a Pacchanta mais agradável.
Fontes termais
Quando voltamos a Pacchanta, um almoço buffet nos aguardava. Uma recompensa bem merecida após quase 13 km de caminhada acima de 4300 m. Depois de recarregarmos as energias, era hora de mergulhar nas fontes termais.
Jorge nos contou que essas são piscinas geotérmicas naturais alimentadas por águas subterrâneas aquecidas pelas forças vulcânicas e tectônicas da Cordilheira Vilcanota. Além disso, as fontes pertencem à comunidade de Pacchanta, e tanto as taxas de entrada quanto a infraestrutura básica são gerenciadas localmente.
Depois que nossos músculos relaxaram e o calor atingiu nossos ossos, era hora de voltar para Cusco. Eles nos deixaram por volta das 18h e foi assim que terminou uma das minhas caminhadas favoritas no Peru.

Destaques
Meus destaques pessoais incluem as paisagens, a trilha em si, a imersão cultural, as vizcachas e os lagos coloridos.
A paisagem: desde a viagem ao longo do Vale Sul até o deslumbrante vale formado pela Cordilheira Vilcanota. A mudança impressionante de cenário vale a pena ser capturada em cada oportunidade. A Puna e seu terreno único, repleto de uma paisagem desértica e picos imponentes ao fundo.
A trilha: fiquei impressionado com a forma como o terreno ao longo da trilha não só mudava de material, de areia para argila compacta e areia solta por cima, mas também com as mudanças de cor. Nosso guia apontou isso no caminho de volta, mencionando que o solo ficaria vermelho quanto mais nos aproximássemos do fim.
Vida selvagem: desta vez avistamos vizcachas. Até agora, eles têm sido meus animais favoritos nesta viagem. Além disso, observamos alguns falcões Cara Cara. Ao longo da trilha, vimos lhamas e alpacas também.
Lagos: cada um dos lagos tem uma cor ou tonalidade distinta, tornando essa experiência única. Compreender como o solo desta área é rico em minerais e como isso influencia a coloração das águas é algo que só faz sentido estando lá.
Imersão cultural: Em Pacchanta, os moradores locais preservam com orgulho as tradições andinas por meio de trajes coloridos tecidos e agricultura comunitária. As famílias cultivam produtos nativos, como batatas e quinoa, criam alpacas e lhamas e recebem os visitantes para experimentar um estilo de vida, o que foi vivenciado principalmente durante as refeições.
Algumas estatísticas que reuni durante esta experiência:
- Duração: Cerca de 5,5 horas de caminhada, mais tempo de viagem de carro e visitas às fontes termais.
- Ponto final: Pacchanta
- Altitude máxima: 4630 m / 15191 pés
- Altitude mínima: 4307 m / 14130 pés
- Comprimento: 13 quilômetros / 8 milhas
- Ponto de partida: Pacchanta
- Dificuldade: Moderada
Recomendo vivamente esta caminhada, se você deseja explorar mais profundamente os Andes e aproximar-se da natureza selvagem do interior.
Dicas de viajantes profissionais
A caminhada é considerada moderada a desafiadora devido à alta altitude. Embora a trilha em si não seja excessivamente técnica, os caminhantes devem estar em boa condição física e aclimatados para evitar o mal de altitude.
69 Explorer O passeio de dia inteiro pelos 7 lagos custa cerca de US$ 35. Inclui transporte, café da manhã, almoço buffet, guia profissional, entrada em Pacchanta e nas fontes termais.
Traga roupas quentes (as temperaturas podem cair abaixo de zero), uma capa de chuva, proteção solar (chapéu, óculos de sol, protetor solar), lanches e pelo menos 1,5 litro de água. Bastões de trekking são altamente recomendados para maior estabilidade em altitudes elevadas.
A melhor época é durante a estação seca (maio a outubro), quando o céu está mais limpo e as trilhas estão mais estáveis. A estação chuvosa (novembro a março) torna as condições mais desafiadoras, com caminhos lamacentos e visibilidade reduzida, embora as paisagens sejam mais verdes.
Se o orçamento não for uma grande preocupação para você, eu recomendaria essas duas operadoras, por sua experiência e serviço de alto nível:
- Sam Travel Peru: oferece uma opção de 2 dias incluindo a Montanha Arco-Íris.
- Orange Nation Peru: oferece um passeio de luxo.